Redes Sociais

Hot Rats - Frank Zappa

Hot Rats Frank Zappa

Hot Rats Frank Zappa
“Um filme para seus ouvidos”, diz a frase dentro do encarte “tecnicolor” do vinil. Clássico do Jazz Rock. Um dos álbuns mais importantes da década de 1960. Um dos favoritos dentre os fãs de Zappa. E um marco da música contemporânea! Qualquer semelhança com o título desta coluna não é mera coincidência.

Hot Rats Frank Zappa
Em 1969, Frank Zappa já havia abalado não só o meio musical, como também a sociedade americana como um todo. Seus álbuns ao lado dos Mothers of Invention foram verdadeiros manifestos sonoros e literários, misturando rock, música erudita, doo-woop e o que mais pintasse pela frente, tudo isso acrescido a uma constante crítica social temperada com doses cavalares de ironia e acidez. Porém, os tempos haviam mudado e Zappa sentia-se preso em seu contrato com a Verve, além de ter dificuldades para bancar salários e turnê para os Mothers. Reza a lenda que, após ver Duke Ellington(um dos maiores compositores da história do jazz) pedir a gravadora um adiantamento de dez dólares e não ser atendido, o bigodudo guitarrista resolveu romper com a gravadora e dissolver sua banda, partindo para uma nova fase, uma nova invenção.
Zappa e os Mothers of Invention
Zappa e os Mothers of Invention.

Acompanhado por um time de músicos que mais parecia uma seleção de craques dos bons sons, formada por feras como o multiinstrumentista Ian Underwood, o velho amigo dos tempos de colégio Don Van Vliet(o lendário Captain Beefheart) e o ídolo da juventude Don Sugarcane Harris, Zappa pode executar sua complexa obra. Eram 6 músicas, todas já devidamente escritas, que seriam gravadas usando uma então revolucionária técnica de gravação, valendo-se de um gravador caseiro de 16 canais e uso maciço de overdubs. Estava nascendo uma obra-prima.

A faixa de abertura, “Peaches em Regalia” é um clássico intantâneo que prepara o ouvinte para uma viagem dentro de um caleidoscópio de notas e melodias. Com um arranjo complexo e um clima que mistura beleza e estranheza, a faixa se transformou em uma das favoritas dos fãs, tornando-se obrigatória dentre todos os shows do mestre. Além disso, foi regravada por bandas como Dixie Dregs, Phish e até pelo grupo de rap The Roots.
“Willie the pimp” começa com um cavernoso e pesado riff “blues rock” tocado por um... violino! É a deixa pra Captain Beefheart cantar a pequena letra da maneira mais “freak” possível. E é dessa letra que saiu a famosa citação “hot rats”, que dá título ao álbum . Depois disso, é a vez de Zappa fazer um longo solo de guitarra, uma espécie de cartão de visitas de sua exuberante técnica, sem precedentes no jazz ou no rock. Nascia um novo herói para as seis cordas.
           

           
Sensacional animação.

E quando você pensa que já ouviu maravilhas o suficiente, chega o “Son of Mr. Green Genes”, uma variação de “Mr Green Genes” canção do álbum Uncle Meat lançado no mesmo ano. Com um arranjo que mais parece o de um hino de algum planeta fora de órbita, a música é extendida para mais de 8 minutos, onde Zappa sola por sobre a peculiar maquinação instrumental, extraindo um feeling que só poderia vir mesmo de outra parte do espaço.
Para aliviar a barra, “Little Ummbrellas” surge com uma falsa tranqüilidade, uma melodia sinistra em um crescendo instrumental que explode com a última nota de um piano. Sinistra e fascinante, na medida certa para deixar o ouvinte preparado para a inacredtával “Gumbo Variations”, uma explosão de inspirados solos de sax, violino e guitarra. Com forte influência do jazz, a música soa como uma grande jam, onde todos os envolvidos dão o máximo de si, em performances de tirar o fôlego.
           

           

           

E o fim da bolacha chega com “It Must be a camel” e o seu clima de despedida marcando por um intrincado instrumental, repleto de quebras no tempo... de lambuja, um curto e matador solo de guitarra deflagrado pelo mestre, auxiliado pelo timbre diferençado do violino de Jean Luc-Ponty. Fim!
Lançado em outubro de 1969, o disco não vendeu nada nos Estados Unidos, mas foi muito bem recebido por crítica e público do outro lado do Atlântico, sendo considerado vital para a formação do Jazz rock,ao lado de clássicos como “Bitches brew” de Miles Davis e “Third” do Soft Machine, No ano seguinte, Zappa foi eleito pela Downbeat(a maior revista de jazz do mundo) como músico do ano. Com Hot Rats, ouve a confirmação definitiva daquilo que muitos já desconfiavam: muito mais do que um “maluco de plantão” Frank Zappa era um músico, compositor e arranjador de genialidade inquestionável. Sua música complexa e senso crítico aguçado seriam a base para uma das carreiras mais produtivas e cultuadas do Século XX. E sem Hot Rats, muitos não se ligariam que um grande gênio estava á solta. Freak!
Curiosidades Quentes:
- Mitos pensam que é o próprio Frank Zappa que está dentro da piscina na capa de Hot rats, mas na verdade trata-se de Christine Frka, integrante do GTO’s e que chegou a ser babá da filha de Zappa, Moon Unit;
- Quando foi lançado em cd, Zappa propôs uma nova mixagem, alterando algumas faixas. Desse modo, “Willie the Pimp” ganhou uma introdução um pouco diferente, além demudanças no solo de guitarra. “Gumbo Variations” por sua vez, ganhou uma nova introdução, com um brve diálogo e um pulsante contrabaixo, além de solos adicionais de sax; e “Little Umbrellas” recebeu a adição de piano e flauta em seu arranjo;
- É citado no livro “1001 Discos para ouvir antes de morrer” como um dos álbuns fundamentais da década de 1960;
- É o álbum favorito de Matt Groening, criador dos Simpsons, que chegou a escrever a introdução para o “Guitar Book” de Hot Rats e declarou: “Ele foi meu Elvis”;

Zappa Tirinha
- É frequentemente indicado como a porta de entrada perfeita para o rico universo zappiano;
- Foi escolhido para nomear e inaugurar a sessão “Ratos Quentes” que trará resenhas e informações do universo musical, aqui no site da Big Bang.

Zappa 6x1

                     

Deixe Seu Comentário:

Inscrever-se Canal Youtube